"Estou-me a habituar à tristeza, estou a habituar-me a dor, a desilusão permanente.
Parece que a felicidade não quer ficar do meu lado, exijo dos outros humanidade e verdade, amar é uma coisa simples, amar ou não amar, será que só posso estar só?
Será que o amor é só um momento no meio da guerra?
Ninguém ama a ninguém. Ninguém morre de amor.
Deveria morrer só um bocadinho cada dia, com esse morrer diário ficarei mais forte.
Devo fazer uma guerra para sobreviver a desilusão. A desconfiança é o único alicerce.
Só fizemos esta guerra para estar vivos. inventamos o amor para sentir-nos mortos.
Como será a próxima guerra?
Dizia-me a mim mesma: com amor o mal desaparece, com o belo todo ficará melhor.
Nada melhor que os contos de fadas para aprender o que é o mal.
Como continuarei a ser eu com tanta dor?
Somos só homens que matam a outros homens. E nada mais.
Quando fico assim de triste, fico em silêncio. Desapareço em silêncio.
Nunca mais vou pedir amor. Nunca mais vou pedir-te amor.
Dizem que há uma mulher que abraça as pessoas. E que fizeram vocês a minha bondade?
E que fizeram a minha bondade?
Bateram-me durante 3 anos.
A dor durou três anos.
Talvez quatro."
Susana Vidal